Num mundo acelerado, marcado por mensagens curtas e ligações perdidas, o Dia das Mães é um freio no tempo. Um lembrete — para muitos, urgente — de que algumas palavras não devem esperar. Se você tivesse direito a uma única ligação para sua mãe, o que diria?
A pergunta, simples e direta, carrega peso. Gera silêncio. E, na maioria das vezes, emoção. Entre os que ainda têm a sorte de poder atender ao telefone e ouvir a voz da mãe do outro lado da linha, muitos admitem: têm falado pouco, corrido muito, lembrado tarde. A rotina engole. A distância pesa. Mas o afeto permanece — mesmo que guardado.
A comerciária Luciana Campos, de 36 anos, perdeu a mãe em 2020. “Passei a vida correndo atrás de tudo. Quando percebi que o tempo dela era finito, o meu arrependimento já era eterno. Se tivesse uma ligação agora, diria que ela foi suficiente. E que me ensinou a ser quem sou.” Casos como o de Luciana se repetem. E, por isso, a reflexão ganha força.
Não se trata apenas de lembrar a data com flores ou almoços. Trata-se de ocupar o agora com aquilo que ainda pode ser dito: um obrigado, um desculpa, um te amo sem pressa. Palavras que, muitas vezes, faltaram nos dias comuns.
A psicóloga Renata Souto, especializada em vínculos familiares, aponta que “a comunicação entre mães e filhos nem sempre é fácil, mas é vital. Às vezes, um abraço ou uma frase simples pode consertar anos de silêncio”.
Para quem já não pode mais ligar, a saudade transforma a ausência em presença. A memória de uma receita, o cheiro de um cobertor, uma canção antiga. Pequenos gestos que reaparecem quando menos se espera.
Entre os que ainda podem, fica o convite: não adie a ligação. Se ela estiver longe, ligue. Se estiver perto, olhe nos olhos. E diga. Diga o que sente, mesmo que em poucas palavras.
Porque neste Dia das Mães, mais do que homenagens prontas, o que mais toca é a verdade dita a tempo.