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Gabriel Souza detalha estudos sobre ferrovias gaúchas em Grupo de Trabalho sobre o tema em Brasília
O vice-governador e presidente do Conselho do Plano Rio Grande, Gabriel Souza, detalhou, nesta sexta-feira (9/5), em Brasília, o estudo encomendado...
09/05/2025 19h45
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Secom RS

O vice-governador e presidente do Conselho do Plano Rio Grande, Gabriel Souza, detalhou, nesta sexta-feira (9/5), em Brasília, o estudo encomendado pelo governo do Estado sobre a situação da malha ferroviária gaúcha e a atual demanda de cargas do RS. Os dados foram apresentados durante reunião do Grupo de Trabalho (GT) sobre Ferrovias da Malha Sul, operada atualmente sob concessão federal pela Rumo Logística.

Além disso, o vice-governador reforçou a urgência da retomada do trecho turístico Trem dos Vales, com a reativação de 13 km dos 46 km entre Muçum e Guaporé de forma mais rápida.

Gabriel considerou a reunião produtiva, já que o governo federal se comprometeu com a participação do Rio Grande do Sul na modelagem de nova concessão para a Malha Sul. “Apresentamos oficialmente o estudo que o governo do Estado fez, por meio da Portos RS, para que possamos também discutir com a União as demandas de carga do Rio Grande do Sul, mostrando o interesse do Estado em determinadas obras de ferrovias para a nova concessão”, explicou.

Gabriel reforçou que o ano de 2025 é fundamental para estabelecer um novo modelo, já que faltam menos de dois anos para encerrar o atual contrato da Malha Sul com a Rumo. “O tempo urge e temos pressa nesse sentido para podermos voltar a ter uma malha ferroviária que dê condições de ter operações logísticas importantes no Estado”, completou.

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Além de detalhar a ineficiência da malha ferroviária, que após as enchentes opera com apenas um quarto da capacidade, o vice-governador também reforçou a importância de qualificar a operação entre Cruz Alta e o Porto de Rio Grande para ampliar o escoamento da safra. A reunião também tratou sobre os possíveis cenários para requalificação do modal como um todo, incluindo a revitalização de trechos atuais.

Clovis Magalhães destacou que um dos pontos mais importantes do encontro foi mostrar ao governo federal a responsabilidade e a disponibilidade do governo gaúcho de retomar as ferrovias no Estado. “Mostramos que temos alternativas ao modal ferroviário e o quanto isso é decisivo, não apenas para o Rio Grande do Sul, mas sobretudo para o Brasil, porque isso mexe diretamente com a pauta de exportações. O Estado tem uma posição estratégica que agora é reconhecida pelo governo federal”, avaliou o secretário-executivo.

Uma nova reunião deverá acontecer no mês de junho, quando serão apresentados estudos sobre a nova modelagem de concessão por parte do governo federal e um cronograma de ações e soluções para o Trem dos Vales. A Infra S.A. informou que até lá apresentará estudo de modelagem para a Malha Sul e utilizará dados do trabalho gaúcho para análise das demandas de cargas no Rio Grande do Sul. Gabriel também ressaltou a importância da Rumo apresentar formalmente o estudo que fez sobre as ferrovias no Estado.

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Em junho, governo federal deverá apresentar nova modelagem de concessão e cronograma de ações para o Trem dos Vales -Foto: Rodrigo Ziebell/GVG

A agenda foi acompanhada pelo secretário do Gabinete de Projetos Especiais, vinculado ao gabinete do vice-governador, Clovis Magalhães, e pelo secretário nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro. Esta foi a segunda vez que o Estado participou do Grupo de Trabalho sobre Ferrovias (GT), criado pelo governo federal, e foi a primeira vez que a situação sobre a malha gaúcha foi apresentada em detalhes na Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário (SNTF). Também estavam presentes representantes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), da Infra S.A. e da Secretaria Especial para o Programa de Parcerias de Investimentos (Seppi/CC/PR).

Trecho turístico do Trem dos Vales

A reunião na Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário também discutiu a sugestão de separar da atual concessão o trecho turístico, por onde é operado o Trem dos Vales. A medida foi sugerida pelo vice-governador em outra agenda na SNTF, que afirmou já ter repassado à Rumo Logística.

Gabriel explica que a reunião abriu a possibilidade de retomar de forma mais imediata parte do trecho prejudicado pelas enchentes do ano passado. “Temos uma chance de voltar a operar mais rapidamente um trecho de 13 quilômetros – e não a totalidade dos 46 quilômetros afetados pelo desastre climático – com uma parceria que poderia ser feita com a ABPF, que é a Associação dos Trens Turísticos, que opera o Trem dos Vales junto com a Amturvales”.

De acordo com o vice-governador, será realizado um novo encontro nas próximas semanas para tratar dessa possibilidade junto à empresa Rumo a fim de agilizar a retomada de parte do trecho.

Histórico sobre concessão das ferrovias no Rio Grande do Sul

A Rumo Logística possui a concessão do trecho ferroviário da Malha Sul desde 1997 e o contrato será encerrado em 2027. O assunto é tratado pelo Gabinete do Vice-Governador, que tem cobrado soluções da concessionária e do governo federal, que é poder concedente.

A extensão concedida à concessionária Rumo Malha Sul é de 3.823 quilômetros. Destes, apenas 1.680 quilômetros estavam em operação até o ano passado. Após as enchentes, o quadro piorou e somente 921 quilômetros estão operando atualmente. Também ocorreu a interrupção do transporte de líquidos por ferrovia em razão dos danos das enchentes ao trecho que realizava a conexão férrea com o restante do país.

Para analisar o cenário de forma mais abrangente, o governo do Estado encomendou um estudo mostrando, entre outros dados, que desde 2006 houve queda de 50% na quantidade de cargas transportadas pela ferrovia gaúcha. Caso o modal operasse de forma eficiente, haveria a possibilidade de economia de, pelo menos, 22% no custo do frete até o porto de Rio Grande.

O sucateamento da malha, bem como o baixo aproveitamento para transporte de carga, são dados alarmantes na análise. Outro ponto preocupante do estudo é a baixa velocidade das ferrovias, que hoje operam a 12 km/h. A situação se agravou após as enchentes de 2024, quando as ferrovias gaúchas passaram a ficar isoladas do restante do país.

Texto: Dayanne Rodrigues/Ascom GVG
Edição: Secom