Educação Absurdo
Escola Municipal Infantil manda alunos para casa por falta de profissionais
Pais foram surpreendidos com medida que começa a ser realizada na segunda-feira, 12.
08/05/2025 09h00 Atualizada há 1 dia
Por: Marcelo Dargelio
Escola não tem profissionais suficientes para atender a demanda - Prefeitura de Bento Gonçalves/Especial

Pais de alunos da Escola Municipal de Educação Infantil Simone Dalla Costa, localizada no bairro Fátima, em Bento Gonçalves, foram surpreendidos com um comunicado informando que, a partir da próxima segunda-feira (12/05), a turma do Maternal I2 será atendida somente até o meio-dia por falta de professores e auxiliares de educação infantil. A medida evidencia um problema estrutural enfrentado por escolas da rede pública municipal: a falta de interesse de profissionais pelas vagas disponíveis, motivada, segundo denúncias de pais e conselhos escolares, pelos baixos salários pagos pela prefeitura, considerados um dos piores da Serra Gaúcha.

No comunicado enviado às famílias, a direção da escola informou que a decisão foi tomada após reunião com o Conselho de Pais e Mestres (CPM), o Conselho Escolar e a própria secretária de Educação do município, Andreza Peruzzo. Diante da ausência de profissionais para compor a equipe, a escola precisou optar pela redução do horário de uma turma – a que possui o menor número de alunos matriculados no momento. “Como ainda não recebemos pessoas e não temos ninguém previsto em quadro, a turma do Maternal I2 será atendida até o meio-dia. Precisamos nos unir para cobrar de quem realmente pode nos auxiliar”, diz o comunicado da escola.

Prefeitura admite dificuldades e aponta falta de candidatos

Em resposta à reportagem, a Prefeitura de Bento Gonçalves, por meio da Assessoria de Comunicação, reconheceu que desde o início do ano enfrenta dificuldades para preencher as vagas de profissionais da Educação Infantil. No caso da escola Simone Dalla Costa, a administração aponta a localização da escola como um dos fatores que complicam o preenchimento dos cargos, apesar de os postos estarem abertos para contratações terceirizadas e emergenciais.

Ainda, segundo a prefeitura, estão sendo utilizados profissionais em regime de hora extra para minimizar os impactos, e as convocações continuam em andamento. Desde janeiro, a secretaria afirma ter admitido 498 servidores, sendo 91 auxiliares efetivos e 253 contratos temporários.

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Salários abaixo da média afastam profissionais

Educadores e representantes da comunidade escolar alertam que a baixa atratividade dos salários municipais está na raiz do problema. Diversas cidades da Serra Gaúcha oferecem remunerações mais competitivas, o que leva muitos candidatos aprovados em concurso ou processo seletivo a recusar a convocação ou abandonar os cargos logo após o início do contrato. Isso vem acontecendo de forma acentuada neste ano na prefeitura de Bento Gonçalves, conforme apontam os comunicados no Diário Oficial do Município.

A decisão de reduzir o turno de atendimento gerou preocupação entre os pais, principalmente os que trabalham em horário comercial e dependem do turno integral para manter a rotina familiar e profissional. A comunidade escolar agora se mobiliza para cobrar soluções concretas da prefeitura e evitar que mais turmas sejam afetadas pela escassez de profissionais.

 

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