Variedades Luto na música
Morre aos 84 anos a cantora Nana Caymmi, ícone da música brasileira
Ela estava internada há nove meses na Casa de Saúde São José, onde veio a falecer às 19h10, segundo nota divulgada pelo hospital.
01/05/2025 20h27
Por: Marcelo Dargelio

A cantora Nana Caymmi morreu nesta quinta-feira (1º), aos 84 anos, no Rio de Janeiro, em decorrência de problemas cardíacos. Ela estava internada há nove meses na Casa de Saúde São José, onde veio a falecer às 19h10, segundo nota divulgada pelo hospital. A causa da morte foi apontada como disfunção de múltiplos órgãos.

A confirmação foi feita por seu irmão, o músico e compositor Danilo Caymmi, nas redes sociais. “Estamos muito chocados e tristes”, escreveu. “Foi um processo doloroso, com várias comorbidades. Foram nove meses de sofrimento intenso, dentro da UTI.”

Em 2024, Nana teve complicações cardíacas e precisou usar marcapasso por conta de uma arritmia. Em 2015, já havia enfrentado um câncer de estômago. A saúde debilitada dos últimos anos a afastou gradualmente dos palcos, mas não diminuiu o reconhecimento à sua trajetória como uma das grandes intérpretes da música popular brasileira.

Herança e início da carreira

Nascida Dinahir Tostes Caymmi, no Rio de Janeiro, em 29 de abril de 1940, Nana era filha do compositor baiano Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris. O nome foi herdado de uma tia, irmã do pai. Desde cedo, teve contato com a música. Estudou piano clássico na infância, incentivada pelos pais.

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Em 1960, fez sua estreia em estúdio ao gravar “Acalanto”, canção de ninar composta por Dorival especialmente para ela. No mesmo ano, lançou um compacto simples com “Adeus” e “Nossos Beijos”, marcando o início de uma carreira marcada por interpretações densas e emocionais.

Ainda jovem, casou-se com o médico venezuelano Gilberto José Aponte Paoli e passou um período fora do Brasil. Do casamento, nasceram os três filhos: Stella, Denise e João Gilberto (em homenagem ao amigo da família e ícone da bossa nova).

Legado artístico

Dona de um timbre grave e inconfundível, Nana construiu uma discografia sólida, marcada por parcerias com nomes como Milton Nascimento, Tom Jobim e Dori Caymmi. Intérprete visceral, levou à canção popular uma intensidade poucas vezes vista, equilibrando lirismo e força.

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A morte de Nana Caymmi encerra uma era. Mas sua voz — carregada de emoção e identidade — segue viva no imaginário da música brasileira. O legado que deixa atravessa gerações e reafirma seu lugar entre os grandes nomes da nossa cultura.